segunda-feira, 14 de julho de 2014

ESCREVER


De repente, entra alguém em sua mente e vai ditando as palavras. Então, como obediente discípulo, você transcreve para o papel o que nem é seu de fato. Seria assim se fosse psicografar ou sofresse um surto esquizofrênico. No entanto, quando o processo criativo começa pode ser só mais uma viagem. Deixar-se levar pelas ideias, pelas experiências acumuladas e nós mentais. As personagens conduzem o autor por um enredo que ele já viveu ou anteviu. Tanto faz. 
Não sou de grandes planejamentos, de cronogramas disciplinados. Rebelde sobretudo com as palavras. Apenas sigo o fluxo da inspiração. Descobri que também trabalho bem mesmo quando limitada por um tema. Anos lidando com digitação, revisão, formatação de teses emprestaram-me um certo olhar distante. Escreva sobre o pedregulho atirado na janela. Eu escrevo. Gosto? Não, mas escrevo.
Escrever nem sempre é prazer. Aliás, na maior parte do tempo, é apenas necessidade. Um instinto, um impulso libertador, uma catarse urgente e inadiável. Admiro os contidos, pesquisadores pacientes, lapidadores do seu próprio talento. Para mim, escrever sempre foi um ato falho, um atravessar solitário pelos corredores da loucura. As palavras, tão preciosas e às vezes cruéis, abraçam a lógica e a devoram.